terça-feira, 23 de agosto de 2011

Metamorfoses Históricas

Durante toda minha trajetória escolar eu sempre imaginei os acontecimentos históricos como fatos estáticos e cheios de codificações – datas, pontos positivos, pontos negativos, destaques políticos e crises – mas, depois de ler uma pequena parte de um texto bem didático e compreensível do Gilmar Antonio Bedin, sobre a transição entre Idade Média e Modernidade, algumas concepções começaram a mudar a partir de discursões e reflexões feitas sobre este assunto, que nos parece tão óbvio e banal, mas que pode nos ajudar a compreender assuntos bem mais complexos do nosso mundo atual.
Vejamos, então: será que é certo pensar que toda ascensão, ápice ou apogeu serão sempre positivos e todo declínio ou crise serão negativos? Quando a gente aprende a ver que a História é composta por transformações, que tudo depende de uma referência, de um foco e que, principalmente, essa História não pode ser vista apenas com base em uma linha do tempo, onde vemos o fato de longe, mas que devemos adentrar nos acontecimentos para que possamos perceber que a História é vida e, por isso, é de sua natura se metamorfosear, percebemos que o apogeu pode ser negativo e a crise pode ser positiva, bem mais do que a gente pode imaginar.
A transição entre a Idade Média e a Idade Moderna, em uma maneira bem fragmentada de ser ver a História, é um grande exemplo disso, afinal, muitos pensam que a Idade Média cedeu lugar para a modernidade no século XV mas, se começarmos a observar bem, o século XII que foi palco do grande apogeu medieval, que abriu espaço para o surgimento da grande base de sustentação para o medievo, também abriu espaço para começarem os questionamentos a essas bases e ao comportamento (principalmente da Igreja) da época, o que gerou os primeiros indícios da crise, já no século XIII. Porém, a crise, que começou a modificar a população e seu modo de vida, chegando a beirar o caos, também iniciou os primeiros passos para o que veio a ser a Era Moderna. Isso mostra o lado negativo do apogeu e o lado positivo da crise.
Mas, o que isso tem a ver com o mundo atual? Simples e sem sermos anacrônicos, conseguimos fazer uma ponte desses efeitos com a presença da tecnologia nas nossas vidas; essa tecnologia que facilita as pesquisas nas curas para doenças antes incuráveis; essa tecnologia que aumenta a compressão tempo-espaço o que possibilita a comunicação bem mais rápida; essa tecnologia que une o mundo, mas o contribui para que ele seja destruído – com as relações humanas cada vez mais volúveis, com as pessoas perdendo espaço de trabalho para as maquinas, com a facilidade de destruir a vida de alguém em um simples toque. E, percebam, tudo isso durante o auge, o desenvolvimento e a busca por novas descobertas sobre essa tecnologia, sobre esse novo olhar e novo comportamento que surge na contemporaneidade.
Ou seja, isso mostra que há sempre dois lados da moeda em um fato histórico, é só atentarmos para as transformações, porque são elas que fazem a História dinâmica, sempre contemporânea e aberta para novos olhares, novas concepções, novas descobertas. Até porque se mumificarmos tantos séculos passados, tantas civilizações, tantas vidas e acontecimentos, não teria sentido algum estuda-los.

2 comentários:

  1. Vc escreve muito bem, menina... gostaria de vê-la escrever aqui, mais sobre suas concepções políticas, sua visão de mundo, seu ponto de vista sobre a realidade - de ontem ou de hj, tanto faz -, etc., que sobre temas mais intimistas. Talvez fosse uma ideia, a criação de um outro blog, mais voltado para assuntos desse gênero (mais do "eu").

    P.S. Dica de leitura de hj: Clarice Lispector e Rubem Alves.
    Dica de site: http://cafehistoria.ning.com/

    P.S.² ainda vou ler um livro seu.

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