terça-feira, 3 de maio de 2011

História: Ciência ou Arte?

A discursão sobre os vínculos da História com outras vertentes é muito antiga, iniciando com os gregos, que tinham uma visão metafísica da História e a ligava à filosofia; depois, na modernidade, há um interesse de desvincular a História da filosofia, criando para ela métodos próprios e aproximando-a das ciências ditas naturais; por fim, na pós-modernidade a História ganha uma visão mais fragmentada e próxima à arte.
Alguns historiadores protagonizaram essas mudanças, lançando seus argumentos para que seus pensamentos pudessem se concretizar e gerar questionamentos sobre o assunto. Se tratando do confronto entre “História ciência” e “História arte” é interessante tomarmos como base os historiadores Jacob Burckhardt (1818 – 1897) e Leopold von Ranke (1795 – 1886), ambos da modernidade, mas com pensamentos diferentes sobre a História.
Admiro muito Ranke por contribuir para a institucionalização da História como disciplina e concordo em alguns aspectos com ele, principalmente quando ele defende ferrenhamente o Estado, suas leis e exige respeito para com ele, mas logo discordo, quando ele, a meu ver, chega a confundir o humano e o sagrado por ser fortemente influenciado pela sua religiosidade e chega a dizer que o Estado foi algo dado por Deus, sendo que o Estado é uma criação humana! E as discordâncias não param por ai. Ele busca uma história cheia de verdades absolutas, estas baseadas nos documentos oficiais, então, me pergunto: e a verdade dos menos favorecidos que não tinham acesso aos documentos e mantinham sua história através da oralidade? Além do mais, se ele dá tanta autonomia ao historiador, para que ele possa organizar, historicizar os fatos históricos, creio que estes também deveriam ter autonomia para inferir com sua sensibilidade e tentar reconstruir, ou pelo menos explicar, algumas lacunas que a História nos deixa.
É por isso que concordo com Burckhardt e sua sensibilidade, sua maneira de encontrar saídas sem precisar de uma verdade absoluta, pois para ele o que importa é a razão pela qual o fato ocorreu e como ele foi contado, não se o que ocorreu foi verdadeiro, pais para ele, a verdade era relativa e dependia de pontos de vista. Além disso, acho muito interessante a visão que ele tem da sociedade em que viveu, que apesar de tantos conflitos econômicos e sociais, ele conseguiu enxergar na arte uma saída, uma válvula de escape para esses problemas cotidianos, pois assim, através de uma visão geral da arte se compreenderiam os fatos históricos. Para mim, essa é melhor conclusão, já que defendo que é impossível dissociar a História da literatura, que por muito tempo foi uma maneira de contar os fatos históricos, sem se importar com a verdade, mas com a essência dos acontecimentos.
Portanto, creio que a História é ficção, representação, que a História se confunde com a arte e essas duas vertentes se tornam uma só a partir do momento em que uma necessita da outra para existir, pois nada seria da História sem a arte para ilustra-la e torna-la mais interessante, mais compreensível; e nada seria da arte sem os acontecimentos históricos para que ela pudesse narrar, ilustrar e servir como fuga de um cotidiano que nem sempre foi fácil de lidar. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário