sexta-feira, 20 de maio de 2011

A História segundo Walter Benjamin

Walter Benjamin fez uma releitura do marxismo ocidental, tentando adequá-lo ao século XX, mais precisamente da década de 1920 a 1940, nas quais vivia uma sociedade da industrialização, da produção; um mundo muito complexo, onde o Estado autoritário passa a gerenciar as potencialidades econômicas.
É nesse meio, no pós 1ª Guerra Mundial, que Benjamin, juntamente com os outros da Escola de Frankfurt, vai produzir, caracterizando-se pela sua preocupação com a dialética, tentando transformar o marxismo em algo pensante, não só na organização para a revolução do proletariado, pois é um tanto descrente nessa revolução, se preocupando mais com a crítica cultural. Ou seja, para ele, o materialista histórico não é somente aquele que acredita na força do proletariado, mas que trabalha e acredita na experiência humana, apoiando-se muito na teologia para entender e enfrentar o materialismo histórico.
Benjamin diz que não podemos esquecer-nos do passado daqueles que não tiveram um lugar na história, ou seja, o passado dos pormenores, enfocando a luta de classes, fazendo uma reflexão da organização do trabalho em relação à superestrutura, tendo uma visão sombria da cultura de massa - o capitalismo massifica a cultura e aliena as pessoas, tornando-se positivo, apenas, se rompesse com a alienação; rompendo um pouco com o lado econômico e discutindo mais sobre a cultura e a política, além de ter uma ligação com a literatura e com o romantismo. Sua filosofia tenta se desprender da ciência e se aproximar da arte; se distancia do idealismo de Hegel e do idealismo romântico. Para ele, era importante viver intensamente os pequenos momentos e tirar algum aprendizado disso, fazendo uma interpretação filosófica da experiência, voltando a criticar o capitalismo, que, para ele, tornava a experiência humana algo mecânico.
Ele levanta a questão sobre o que é realmente relevante no passado, este feito de imagens, relampejos, que podem ser inspiradores, mas é ilusório pensar em reconstituir esse passado, sendo assim, como um bom neomarxista, critica os historiadores que tem uma empatia pelos vencedores, silenciando os vencidos, pois para ele o passado não pode ser visto com conformismo, mas deve-se questionar a visão tradicional do passado, acreditando na social democracia.
Com isso, Benjamin utiliza o anjo da história para explicar o que ele defende como História, que tem o olhar no passado, querendo resgatar, dar um lugar aos vencidos e derrotados pelas classes dominantes, mas ao mesmo tempo, anseia pelo presente, pelo progresso que vive a época em que ele se inseriu, impedindo que haja esse resgate total dos pormenores. Para ele, a história dos vencedores é vista com tanta indiferença, pois, como judeu, dizia que essa visão da história é que teria levado ao nazismo e, é nesse contexto que ele diz que o passado serve para a vingança daqueles que foram perseguidos.
Benjamin defende o tempo do historicismo, colocando a história em um tempo de “agoras”, defendendo a ideia de que é preciso romper com a linearidade da História; diferencia o materialista histórico do historicista, onde o primeiro faz recortes e tenta entender o presente com base no passado, enquanto o outro vê o passado de forma bela, dos vencedores, tendo uma imagem homogênea dos acontecimentos, criticando o fato do historicista culminar em uma história universal, sem pressupostos teóricos, apenas de acontecimentos.
Por fim, Benjamin dá uma amplitude muito grande à História, dando muita relevância a todo o tempo da experiência humana, mas que todo esse tempo, comparado com os milhões de anos de vida na Terra, é pouco e, esse tempo se torna muito mais efêmero quando pensamos no presente, pois o agora, comparado com a História, é o mínimo.

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